“É preciso amar o inútil. Criar pombos sem pensar em comê-los, plantar roseiras sem pensar em colher as rosas, escrever sem pensar em publicar, fazer coisas assim, sem esperar nada em troca.
— Lygia Fagundes Telles
Oiê, Lagartinha. Tudo bem?
Espero que esse email esteja chegando em boa hora.
Sim, eu sei, tá difícil ter uma boa hora recentemente. É por isso que estou aqui, cantarolando na sua porta. Bora segurar essa barra juntos e tomar um cházinho. Tudo vai passar.
Essa é o que cantam as cigarras, a minha newsletter sobre arte, política e tudo o que eu mais amo. Aqui, chamo as edições de Cantigas, os leitores de Lagartinhas e os assinantes de Cigarras. Nessa primeira edição, pretendo pincelar o projeto, dar uma breve descrição da minha alma e contar sobre os futuros vem aí.
Se essas informações são novidades, é porque você já apoiou meu trabalho no passado — talvez, quando eu ainda me chamava Alice Priestly — e caiu numa amigável listinha de emails.
De qualquer forma, agora você é parte da cantoria!
Espero que goste!
Quem é essa tal de Lis?
Teço essa mensagem do interior de Minas Gerais, de uma cidade onde o galo ainda serve como despertador da vizinhança. Nasci em 2002 e cresci como uma criatura feérica, do mato, de ajudar a parir bezerro e contar história de lobisomem.
Mais nômade do que caseira, já morei em três estados e mais de quinze cidades. As raízes são móveis e a caminhada segue os destinos do vento — aonde quer que ele queira me levar.
Num passado não tão distante, brincava com gráficos — designer, coitada. Hoje me dedico à escrita e seus mistérios. Uma busca interminável pela movimentação de sabores, cheiros, texturas e emoções. Tal como o fluxo de um rio, sabe?
O xuá-xuá da água, o farfalhar da mata, o cheiro da terra molhada... instáveis, em constante movimento, com um mesmo fim. Não é difícil sentir isso tudo daí, né?
Os limites do que escrevo pouco interessam a mim. Gêneros, estilos, experimentações. Me dou o direito de transbordar, crescer além do leito, como se me apoiasse nessa imagem para existir. Diz mamãe: nasço nos passos e desaguo nas palavras.
Redes sociais e o inferno fascista
Já tem um tempo desde que as redes sociais foram tomadas pela retórica fascista. O ódio, com o tempo, se tornou engajamento; ativismo, a muitas dores, dor de cabeça.
Nesse processo, adoeci e precisei me afastar. E assim nasceu o que cantam as cigarras. Não vejo mais futuro nas redes e nem posso confiar a minha subsistência a bilionários birrentos.
Essa é uma tentativa de me reconectar com o que perdi há muito tempo: uma comunidade. Quero manter contato com quem me lê e oferecer, dado meu arcabouço, o que for de utilidade a vocês.
Sei que não é simples resistir quando o mundo quer nos derrubar. Esperança é nossa principal força política e cultivá-la nem sempre é fácil, mas, ao lado de vocês, cada esforço vale a pena.
Pois tenho direito ao grito, então grito
Se curtir essa cantoria desenfreada, logo mais sai o clube Metamorfoses, um espaço para ler livros queers, estudar teoria queer, assistir cinema queer e ser muito, muito, muito queer. Queer as fuck, you know?
Essa é uma forma tanto de construir uma comunidade quanto me manter sem depender da prostituição. Vocês apoiam e, em retorno, recebem vários benefícios, como edições exclusivas das cantigas, clubes de leitura e muito mais!
Com valores a partir de R$ 5, o lançamento tá previsto para o Dia da Visibilidade Trans, 29 de janeiro, quarta-feira.
Qualquer ajuda é bem-vinda: compartilha com os amigos, nas redes e, se te interessar, deixa aquele apoio maroto!
Conto com vocês!
Vem me ouvir!
🎲 Quarta-feira, às 17h, vou estar lá no canal da Luluzinha falando sobre Como se inserir no mercado internacional de RPG, com enfoque em pessoas de minorias.
🩸 Sexta-feira, às 18h, estarei lá no Discord do Brutal, RPG do qual sou editora, para conversar com o público sobre as novidades do projeto e o cronograma de entrega.
Um último pedido!
Enquanto você ainda tá aqui, quero te conhecer melhor.
Então... Quem é você? Onde vive? O que come? Quando você me apoiou? Conta para mim!
E, ó, falo sério! Sinta-se à vontade para responder esse email. Eu não mordo e amaria saber o que você achou dessa querida cantiga.
Minha resposta vai ser 100% humana, escrita com muito carinho. É só confiar, viu? Fica bem!
Por aqui, sempre com transgressões e travessuras,
Oi, Lis. Aqui é o Leo, te acompanho há algum tempo pelo twitter e esbarrei hoje com sua newsletter. Admiro muito seu conhecimento teórico sobre a comunidade, sempre aprendo com você. Fico muito feliz de te ver encontrando um outro caminho, um cérebro tão iluminado quanto o seu precisa ser usado e sorte a nossa podermos compartilhar disso e trocar contigo. Estou ansioso para ler e assistir coisinhas queer com você, porque particularmente isso faz parte da minha trajetória acadêmica também, então acredito que vai ser uma forma incrível de me manter conectado com os meus estudos sobre transgeneridade/queer/lgbt+. Sigamos juntos (◍•ᴗ•◍)❤
Eu amei a ideia da newsletter e o textinho introdutório! Amo seus textos!